terça-feira, 8 de novembro de 2011

Árbitro agredido por corintianos diz que "com certeza apagará episódio da memória"


foto:Fábio Motta/AE - 22/10/2011

Entrevista publicada no site do UOL Espote São Paulo em 08/11/2011

Vítima de agressão de torcedores corintianos, Jean Pierre Gonçalves Lima disse que o episódio “certamente será apagado de sua memória”. Em entrevista ao programa Jogo Aberto, da TV Bandeirantes, nesta terça-feira, o árbitro gaúcho comentou sobre o incidente ocorrido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Além de Jean Pierre, os auxiliares Altemir Hausmann e Julio Cesar Rodrigues também foram agredidos. O trio de arbitragem, que trabalhou na derrota do Corinthians para o América-MG por 2 a 1 no último domingo, estava no aeroporto paulistano para fazer uma conexão para Porto Alegre quando foram abordados pelos torcedores.
“Estávamos voltando de Uberlândia [local do jogo] e alguns elementos travestidos de torcedores do Corinthians estavam no mesmo voo. Pegamos um ônibus da Infraero; descemos e, quando íamos para o saguão, quatro torcedores começaram a nos xingar, com o dedo em riste”, relatou Jean Pierre.
O árbitro contou que os três tentaram acalmar os ânimos, mas sem sucesso. “Tentamos amenizar, até porque havia mais pessoas ali. Quando entramos no saguão, eles foram em direção ao Altemir e começaram a agredi-lo”, disse.
No programa Globo Esporte, da TV Globo, Hausmann também falou sobre o incidente. “Um pontapé na perna, um soco no relógio e um pequeno machucado, mas a pior agressão foi a do direito de ir e vir”, comentou.
O árbitro fez questão de deixar claro que o caso de violência não teve qualquer relação com o clube do Parque São Jorge. “Na ida, viajamos com alguns dirigentes do Corinthians. Eles foram muito cordiais conosco, não tivemos problema algum. Da mesma forma, após a partida, lá no Parque do Sabiá, torcedores do Corinthians passaram por nós, conversaram conosco e inclusive tiraram foto. Difícil de acreditar, mas aconteceu isso e esses elementos que estão travestidos de torcedores, manchando uma instituição enorme como o Corinthians, causaram todo esse tumulto”, reiterou.
Questionado se teria condições de se recuperar rapidamente do episódio e apitar na próxima rodada do Brasileiro, Jean Pierre demonstrou calma. “Somos sempre colocados à prova. Estamos sempre prontos para resolver e aplicar as regras do jogo. Isso fica como lição para tomarmos mais cuidado. Temos exemplos de jornalistas e atletas agredidos e espero que isso acabe. Com certeza, isso será apagado da minha memória”, completou.
Os quatro torcedores foram identificados pela Polícia Federal, no aeroporto de Congonhas, prestaram depoimento e acabaram liberados, nesta segunda-feira. Eles responderão por lesão corporal.
Em nota oficial, o Corinthians repudiou “os fatos ocorridos na manhã desta segunda-feira”, sem citar em nenhum momento a agressão aos árbitros.

sábado, 18 de junho de 2011

Arbitragem admite crise emocional e vai ao divã; psicóloga da CBF atende via Skype

Matéria publicada por Bruno Freitas no Uol-Esporte

Qual o sistema emocional que aguenta passar sem abalos por um pacote de pressão que inclui bate-bocas com jogadores, ofensas pesadas de torcidas e a necessidade de tomar cerca de 200 decisões rápidas, tudo isso em um espaço de duas horas? A função de árbitro está cada vez mais sujeita ao desgaste emocional e pede ajuda da psicologia. CBF e Federação Paulista já foram confrontadas a esta necessidade e contam hoje com profissionais da área para conter o stress que tirou de atividade um dos nomes da elite na última década e que já é comparado ao esgotamento de um alto executivo.

O gaúcho Leonardo Gaciba abandonou a arbitragem precocemente em 2010 graças a um esgotamento mental com consequências físicas que o tirou da briga para ir à última Copa do Mundo (veja mais a respeito na tabela abaixo).
Recentemente o debate se expandiu graças ao estudo do árbitro e psicólogo Mauro Viana pregando a necessidade de suporte desta natureza para a classe. Na briga para caminhar rumo à profissionalização da atividade, ou por uma condição que se aproxime disso, a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) reconhece a carência de auxílio psicológico na preparação de juízes de futebol.

"A nossa função sofre mais pressões que um ser humano normal. Se um ser humano normal já precisa de um psicólogo, imagina o arbitro”, Marco Antonio Martins, presidente da entidade. “Existe essa necessidade, a gente cobra da CBF, mas já acontece de alguma forma, ela tem uma psicóloga que dá atendimento aos árbitros. O problema é que estamos em um país continental com uma psicóloga só. Tem que ser por e-mail, por Skype. O ideal seria "tête-à-tête", mas já é um avanço", emenda.
São Paulo também conta com um profissional que trabalha durante o ano todo para acompanhar os árbitros do Estado. "São Paulo dá todo esse suporte. Esse profissional acompanha os treinamentos físicos, técnicos, está no campo de jogo. Por isso que temos gente apitando finais regionais em todo o Brasil, como o Sálvio (Spinola), o (Cleber) Abade, o PC (de Oliveira) e o (Wilson) Seneme", diz Arthur Alves Junior, presidente da Safesp, Sindicado dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo.

PSICÓLOGA DA CBF ATENDE ATRAVÉS DO SKYPE

Desde 2007 a CBF conta com os serviços da psicóloga Marta Magalhães Sousa no suporte emocional da arbitragem do país. A profissional costuma acompanhar os testes físicos dos juízes e está a postos para resolver outras demandas assim que elas surgirem. Os acompanhamentos são feitos in loco, por telefone e até por Skype, software que permite comunicação pela internet através de conexões de vídeo e voz. Em pauta temas como pressão por resultados e stress pela necessidade de manter outro tipo de trabalho para o sustento familiar.

PSICÓLOGO DA FPF: STRESS DO NÍVEL DE UM ALTO EXECUTIVO

A Federação Paulista também conta com um profissional que serve os árbitros do Estado com auxílio psicológico. É Gustavo Korte, que descarta o consultório e prefere o trabalho dentro de campo. "Trabalhamos onde as emoções estão, dentro de campo, nos jogos. Trabalhamos concentração, comunicação verbal, não verbal, foco, visão periférica, em pratica orientada em equipe", diz. O psicólogo compara o nível de stress dos juízes de futebol com homens de negócio de sucesso. "A pressão é muito grande. O alto executivo tem de lidar com pressão de administrar tempo, da mesma forma atletas de alto rendimento e árbitros neste nível. Lembra a pressão de liderança do mundo corporativo", diz.

GACIBA TEM BLOQUEIO EMOCIONAL E DEIXA O APITO

Eleito quatro vezes o melhor do Brasileirão, Leonardo Gaciba abandonou o apito em 2010 antes da idade limite para a aposentadoria, aos 39 anos. O árbitro gaúcho falhou em testes físicos para se manter no quadro da Fifa e posteriormente não conseguiu passar em exames semelhantes da CBF, tudo graças a um bloqueio emocional publicamente assumido. "Participei desse processo junto com a Dra. Marta (CBF), ele tinha um bloqueio, não conseguia executar os testes", disse Marco Antonio Martins, da Anaf. Na época, Gaciba falhou em uma bateria de 20 km, em quatro etapas, e disse: "Está difícil vencer esse bloqueio psicológico".

MULHERES PASSAM POR PRESSÃO ADICIONAL?

A presença recente de mulheres em trios de arbitragens suscitou uma série de críticas, como a do ex-corintiano Carlos Tevez e a do ex-dirigente do Botafogo Carlos Augusto Montenegro. Outras cornetadas resvalaram no preconceito. Mas segundo a mais célebre representante feminina da arbitragem nacional, a assistente Ana Paula de Oliveira, esse não é o maior problema. "A própria família pressiona muito. A sobrinha quer saber o motivo de você estar ausente da escala, o irmão questiona as críticas do comentarista, 'por que ele disse isso?', etc", diz. Outra pressão adicional sobre as mulheres é a obrigatoriedade de elas passarem por padrões de testes físicos com as mesmas exigências para os homens, em decisão que vigora desde 2007.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mudanças nas regras do jogo 2011/2012

Após a 125º reunião geral anual da IFAB (International Football Association Board), celebrada no último dia 5 de Março em Gales, o órgão publicou as emendas nas Regras do Jogo aprovadas, assim como as diversas instruções e diretrizes promulgadas.
As mudanças entram em vigor a partir do dia 1º de Julho de 2011.
Regra 1 – O Campo de Jogo
Interpretação das Regras do Jogo e diretrizes para árbitros: Marcação do Campo de Jogo
Use apenas o Iíneas referidas no artigo 1 para marcar a área de superfícies artificiais que são usadas no jogo.Quando é permitido outras linhas linhas, desde que sejam de uma
cor diferente e claramente distinguíveis para o futebol.
Motivo: Mais campos de futebol de grama artificial contemporânea fazê-lo marcação como verdadeiramente único do futebol.

Regra 2 - A Bola
Troca de uma bola defeituosa
Se a bola estoura ou se danifica durante uma partida:
- A interrupção do jogo;
- O jogo será reiniciado deixando cair a bola na grama para colocar a bola original foi danificado, salvo se o jogo foi interrompido dentro da área de baliza, caso em que o árbitro deixará cair a bola na linha da área para a linha de chegada no ponto mais próximo de onde a bola original foi localizado quando o jogo foi interrompido.
Se a bola estoura ou se deforma durante a execução de um penal ou durante a execução de tiros da marca de penalti enquanto se move para frente e antes que ela toca um jogador, ou na trave: - repetir o tiro.
Regra 3 - Número de Jogador

A) Modificação Estrutural
Regra 3
- Jogadores
- Número de substituições
* Competição Oficial
* Outras partes
- Processo sustituição
- Troca de goleiro
- Infrações e penalidades
- Jogadores e substitutos expulsos

Regra 4 – O Equipamento dos Jogadores
Equipamento básico
Shorts: Se você usar calças curtas ou longas térmica, eles devem ter a cor principal dos calções.
Regra 5 - O Árbitro

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes Árbitro: poderes e Dever.

Se uma bola extra, um objeto ou um animal entra no campo de jogo durante
a partida, o árbitro deve parar somente se a bola do jogo, objeto ou
interferir com o animal de caça. A partida foi currículo com uma bola de terra no local
onde a bola estava quando o jogo foi interrompido a menos que tivessem
dei interrompida em área de gol, em que caso, o árbitro deixará cair a bola para o terreno dei meta paralela à linha de área alvo, o ponto mais próximo ao local onde a
bola estava quando o jogo foi interrompido. Se uma bola extra, um objeto ou animal
entrar no campo de jogo durante a partida sem interferir com o jogo, o árbitro ordenou
remover o mais rapidamente possível.

Marcelo de Lima Henrique: "O futebol é um grande negócio e o árbitro é o único amador"



Entrevista publicada no site da ANAF - Associação Nacional dos Árbitros de Futebol

Com as aposentadorias recentes de grandes nomes como Carlos Eugênio Simon e a mudança de profissão de profissionais da estirpe de Leonardo Gaciba, novos valores aparecem com força na arbitragem brasileira. O carioca Marcelo de Lima Henrique é um deles. Árbitro de futebol há 16 anos, desde 2002 está no quadro da CBF e em 2008 figura na lista da FIFA.
A inspiração para seguir a carreira começou em casa com seu pai, José Henrique Neto, que também soprou o apito. Aos 39 anos foi eleito o melhor do último estadual do Rio de Janeiro, campeonato que marcou sua história após o famoso jogo do "chororô" envolvendo Flamengo e Botafogo em 2008.
O 1º sargento da Marinha brasileira defende a profissionalização da arbitragem, a qual ainda necessita da aprovação do Congresso Nacional. Para Marcelo de Lima Henrique "o futebol é um grande negócio e o arbitro é o único amador".
Confira a entrevista:
ANAF: Como e quando você começou a carreira na arbitragem?
Marcelo: Meu pai José Henrique Neto foi árbitro por 17 anos, e eu o acompanhei pelos campos desde muito cedo. Fui goleiro da base do Bangú, América e Operário-MS. Depois de encerrar a carreira nos clubes entrei para Marinha, continuei sendo goleiro das seleções Militares, até que em 1995 meu pai me incentivou a fazer o curso de árbitros e graças a uma bolsa de 50% concedida pelo ex-árbitro FIFA e Diretor da escola, Carlos Elias Pimentel, pude fazer o curso já que a grana era curta.
ANAF: Qual foi a reação dos familiares e amigos quando você disse que iria seguir nesta carreira?
Marcelo: De total apoio. Assistia a muitas partidas pela TV e nos estádios com meu pai e familiares e sempre discutia regras. Minha esposa adorou, ela disse uma frase que eu nunca mais vou esquecer: "Você nasceu para liderar. Não gosta de mandar, vai mandar no campo agora."
ANAF: Além da arbitragem, qual sua outra profissão?
Marcelo: Tenho muito orgulho de ser 1° Sargento Fuzileiro Naval da Marinha do Brasil.
ANAF: O que acha da profissionalização da arbitragem?
Marcelo: Essencial, urgente! Todos os seguimentos do futebol têm que encarar essa situação de frente e criar mecanismos legais para se viabilizar essa demanda urgente. O futebol é um grande negócio e o árbitro é o único amador. Ainda bem que os árbitros de elite do Brasil, junto com a CONAF e algumas CEAFs encaram a atividade de maneira profissional e se empenham ao máximo para criar um ambiente propício para treinamentos, aprendizado e reciclagem.
ANAF: Você é apontado como um dos jovens árbitros de maior qualidade, inclusive foi eleito o melhor do Campeonato Carioca. Como avalia estas escolhas?
Marcelo: Fico muito feliz em ter meu trabalho reconhecido. Minha família sabe o quanto dou duro para crescer na carrreira, esse prêmio dedico a minha esposa e meus filhos. Em 2006 arbitrava a série C do Brasileiro e o Dr. Édson Resende me promoveu para série A em 2007, confiando em meu trabalho e apostando em mim. Sou muito grato a ele. O sucesso só vem depois de muito trabalho, creio. Minha trajetória na arbitragem é feita de muitas lutas. Meus amigos mais próximos sabem que eu sempre confiei em mim. Só conheço um caminho para se vencer na arbitragem, trabalho!
ANAF: Há diferença entre apitar o estadual, o Campeonato Brasileiro e a Libertadores? Quais?
Marcelo: Sim, pois arbitramos partidas de equipes com culturas futebolísticas diferentes. A regra é única, mas a maneira de jogar é diferente, mas nós árbitros temos que ter critérios definidos do início ao fim da partida. Cada partida é uma partida. A dosagem do remédio varia, sempre dentro da regra. Arbitrar é pensar!
ANAF:Na sua opinião quem são os outros bons árbitros da nova geração?
Marcelo: Vejo várias partidas, todas as possíveis e gosto muito do Phatrice Maia e Wagner Magalhães do RJ, Marcos Penha-ES, Márcio Chagas-RS, Luiz Flávio de Oliveira-SP e Francisco Nascimento-AL.
ANAF: Quais são seus objetivos na carreira a curto, médio e longo prazo?
Marcelo: A curto prazo quero muito arbitrar um torneio da CONMEBOL, pode ser qualquer um sub-15, sub-13, sub-11. A Copa América. Por que não sonhar? A médio prazo quero estar inserido no processo de seleção para Copa do Mundo de 2014 e estar inserido entre os árbitros de primeira linha da CONMEBOL. A longo prazo, não faço planos, pois sei que o Senhor nosso Deus tem planos grandiosos para mim e quero estar pronto para eles. Sinceramente.
ANAF: Acompanha o trabalho da ANAF? O que acha?
Marcelo: Acompanho e sei que o companheiro Marco Martins (presidente da ANAF) é um trabalhador e juntamente com a sua diretoria está antenado, em favor da categoria. Sabemos que a harmonia e a conversa são o melhor caminho para se resolver questões delicadas, ainda somos prestadores de serviço. Todos sabem que as condições financeiras da ANAF são precárias devido a questões passadas, mas com o apoio de todos os árbitros cresceremos juntos, deixando um legado para futuras gerações de árbitros.
Jogo rápido
ANAF: Qual seu jogo inesquecível?
Marcelo: Flamengo 2 x 1 Botafogo (o famoso jogo do chororô) pela final da taça Guanabara de 2008. Ali começaram a conhecer meu trabalho. Os mesmos que me massacraram, agora me respeitam e solicitam minha arbitragem.
ANAF: Se você possível escolher entre apitar a final da Copa do Mundo ou ver o Brasil na decisão o que iria preferir?
Marcelo: Não posso mentir. Com certeza arbitrar a final. O Brasil já é penta, consagrado, que me desculpem, mas meu time é Arbitragem F.C.
ANAF: Qual seu ídolo na arbitragem?
Marcelo: Quando se falar em arbitragem Brasileira, tem que se falar em Armando Marques, foi um ícone. Meus espelhos sempre foram o corajoso Wilson Carlos dos Santos-FIFA-RJ, Antônio Pereira (Tonhão)-FIFA-GO, Márcio Rezende de Freitas-FIFA-MG, Carlos Simon-FIFA-RS e Wilson Seneme-FIFA-SP.
ANAF: Deixe um recado para quem deseja seguir a carreira
Marcelo: Alicercem suas carreiras no trabalho e na verdade. Respeitando seus companheiros e superiores. O caminho pode ficar até mais longo e árduo, mas quando entrar no campo de jogo, muitos verão que ali está um grande homem.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Carlos Simon: ‘Ninguém nunca tentou me comprar’ Fluminense x Guarani vai ser último jogo do juiz de três Copas


Publicado pelo site Lance!Net em 04/12/2010.
Por: Léo Burlá

Quando apitar o fim da partida entre Fluminense e Guarani neste domingo, o árbitro gaúcho Carlos Eugênio Simon também colocará o ponto final em uma trajetória de 27 anos e 1.197 jogos. Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, ele fez um balanço de sua vida dentro dos gramados:
– Tive mais acertos do que erros.
Concentrado para a hora do apito final, ele revelou que estuda convites. Confira a íntegra do papo com o mais importante juiz brasileiro dos últimos anos.

Um árbitro se prepara para a aposentadoria?
Árbitro tem idade-limite, portanto, sabia que pararia aos 45 anos. Mas 27 anos não são 27 dias. Será uma emoção muito grande.

Apitar o jogo que poderá decidir o título brasileiro é um fecho com chave de ouro?
Com todo o respeito aos profissionais do Fluminense e do Guarani, o jogo é decidido em campo. Não penso em nada que não seja um jogo perfeito neste domingo.

O que faltou para você apitar uma final de Copa?
Estávamos cotados para 2010, mas isto não depende da gente. Entenderam que o inglês (Howard Webb) deveria apitar.

Você se considera o maior entre todos os juízes brasileiros? Sua longevidade deve-se ao baixo nível da arbitragem nacional?

Não me considero acima de todos. Fui apenas um sujeito que trabalhou demais. Tivemos grandes árbitros como o Arnaldo Cézar Coelho, o José Roberto Wright e o Agomar Martins. O material humano é bom, é preciso lapidá-lo.

Como avalia o trabalho de Sérgio Corrêa, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF?
Ele vem tentando, é um trabalhador. Há um processo de renovação, mas temos muito o que evoluir. Temos de acabar com o sorteio, regulamentar a profissão e profissionalizar os árbitros. Considero bom o trabalho do Sérgio.

Com o fim do sorteio, qual deveria ser o modelo adotado?

Os melhores tem de apitar os melhores jogos. O sorteio prejudicou a arbitragem nacional. O único lugar onde se faz sorteio é aqui.

Alguém já quis te comprar?
Jamais! Nunca ninguém me ofereceu nada. A corrupção não é comum na arbitragem. Houve o caso Edílson (de Carvalho, pivô de um esquema de manipulação). Só soube deste episódio.

O que achou dos últimos episódios de corrupção envolvendo o presidente Ricardo Teixeira?

Não acompanhei a fundo.
Quais serão seus passos após o término da sua carreira?

Há propostas para comentar e ser instrutor de árbitros. O presidente Lula me sondou para trabalhar na organização da Copa de 2014. Vou descansar e decidir.

Juiz do Brasileiro luta contra o tráfico e coordena ocupação do Complexo do Alemão




Publicado pelo site Uol em 01/12/2010.
Por: Luiza Oliveira
Em São Paulo

AS DUAS VIDAS DE DJALMA BELTRAMI

Beltrami coordenou uma equipe de 40 policiais entre os cerca de 2600 agentes que participaram da invasão ao conjunto de favelas no último domingo pela manhã e hastearam uma bandeira do Brasil no topo como símbolo do combate ao crime organizado.
Seu grupo conseguiu apreender uma grande quantidade de drogas, armas e prendeu dois criminosos. O tenente-coronel ainda participou de um confronto com troca de tiros no local, que resultou na morte de um traficante considerado de alto escalão.
Apesar de estar sempre em perigo, ele se sente orgulhoso das conquistas no Rio de Janeiro. “Este é um momento ímpar na nossa vida. Vivemos problemas por causa de muita coisa que deixou de ser feita. Não acabamos com a criminalidade, mas mostramos que a sociedade não perde de ninguém com as forças estatais, militares e civil unidas. Agora eles sabem que a gente entra em qualquer lugar. Os marginais achavam que isso nunca ia acontecer. Eles foram covardes e correram”, disse, em referência à fuga dos traficantes diante da invasão policial na Vila Cruzeiro, na última quinta-feira.
Beltrami tem dedicado todo o seu tempo no combate ao tráfico e teve de deixar o apito de lado pelos acontecimentos recentes que dominaram o noticiário, ganharam repercussão internacional e levaram medo à população carioca.
Desde segunda-feira (22) sua rotina foi alterada, se transformando praticamente em uma escala ininterrupta. Entre quarta-feira e sábado, não pôde sequer voltar para casa e precisou pedir dispensa junto à Comissão Nacional de Arbitragem da CBF para não ser escalado para a 37ª rodada do Campeonato Brasileiro, no último fim de semana.
Pouco antes de o caos se instalar e haver a necessidade de migração para o Complexo do Alemão, Beltrami combatia os frequentes ataques a carros e ônibus na Zona Oeste, que incluem os bairros Bangu e Realengo. A área é da responsabilidade do 14º Batalhão, engloba 139km quadrados e representa a maior população para uma única área policial do Rio de Janeiro.
Mesmo após o domínio da polícia e o aparente clima de tranquilidade na cidade, os momentos tensos não terminaram para o árbitro do Brasileirão. Na segunda-feira, o dia de trabalho (que durou de 9h às 23h) contou com um novo confronto no Alemão, que culminou na morte de mais um criminoso.
Na terça-feira, a primeira atividade programada era a inauguração de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora, a chamada UPP, no Morro dos Macacos em Vila Isabel. Beltrami ainda não sabe como será a rotina nos próximos meses, mas espera que aos poucos volte ao normal.
Casado com Cristiane e pai do menino Raí, ele admite que o medo é comum na vida de sua família. “Têm sido dias difíceis. Antes trabalhava impedindo os ataques e agora há confrontos aqui no Alemão. Graças a Deus, a entrada não teve derramamento de sangue, prova do profissionalismo da polícia. A família fica muito apreensiva e a gente sente receio. Mas o medo nos faz ficar vivos.”
Com tantas obrigações em prol da defesa da sociedade, a arbitragem hoje é secundária. Desde que assumiu o batalhão, há cerca de dois anos, as responsabilidades como Militar aumentaram e os jogos no meio da semana tiveram que ser interrompidos. O ofício nos campos se tornou um hobby e um incremento no orçamento do fim do ano.
“Minha condição de Militar sempre me obrigou a ter bom condicionamento físico e o futebol é uma paixão. Mas tenho o policial dentro de mim. A arbitragem não paga as minhas contas. Serve para comprar algo a mais, trocar o carro no fim do ano...”, avalia.
Assim como no trabalho da polícia, Beltrami diz não gostar de missões fáceis no campo e considera que um emprego ajuda o outro. “Não gosto de jogo fácil. Não precisa ser o mais importante, mas são os difíceis que me dão satisfação. E aprendo muito como policial porque não há momento para o erro, pode ser fatal e custar uma vida. No campo há pressão, mas o erro do árbitro gera apenas polêmicas. Creio que lido bem com esse tipo de coisa.”

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Árbitro deixa futebol de lado e lança disco romântico



Wando que se cuide. O cantor brega tem um novo concorrente na condição de galã das solteironas de meia-idade. Alessandro Leale, de 32 anos, é árbitro da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e o mais novo candidato a cantor romântico brasileiro.
Leale, na verdade, já se arriscava como cantor quando fez um curso para árbitro e começou a apitar jogos no Rio de Janeiro, especialmente na categoria de juniores e algumas partidas comemorativas com celebridades. O futebol faz parte de sua vida desde a infância, quando jogou no mirim da Portuguesa, em São Paulo. De lá foi para o Vasco da Gama, mas por necessidade Leale teve que a encerrar a carreira futebolística.
Em dezembro do ano passado, fez sua última partida como árbitro antes de pedir licença na federação. Neste mesmo ano lançou um CD promocional. Agora, Leale acaba de apresentar o disco Eu e você. O nome já deixa claro que as letras melosas e apaixonadas dão o tom da nova empreitada do árbitro.
E se você ficou curioso para conhecer as suas músicas, saiba que Leale já fez até videoclipe. Um de seu primeiro disco, chamado Apaixonante.